Zezinho Pintor: o “Pincel de ouro”

31 de julho de 2023 Off Por funes

Zezinho Pintor: o “Pincel de ouro” por José Romildo de Sousa.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 28/07/2023.

 

José Paulo de Oliveira, mais conhecido como Zezinho Pintor, nasceu no dia 29 de janeiro de 1914, no Sítio São José, município de Santa Terezinha, que naquela época pertencia a Comarca de Patos. Era filho de Paulo Soares dos Santos e de Joana Maria da Conceição.

José Paulo de Oliveira (1914-1979), mais conhecido como Zezinho Pintor

Zezinho dizia sempre, com muito orgulho, que era descendente dos “Oliveira Ledo”, que foram os fundadores do povoado que deu origem à cidade de Patos. Cursou apenas o primário e desde criança sentia a necessidade de se encontrar sempre junto do pincel e das tintas.

Carregou durante toda a vida o hábito de morder o dorso do dedo indicador, bem na sua metade, quando se encontrava nervoso. Esse gesto ficava mais evidente quando ele se encontrava nas rinhas de galo de briga, no Clube dos Caçadores. Mesmo nunca tendo saído do estado de origem e nem ter frequentado nenhuma escola de pintura, Zezinho sempre surpreendia a todos que colocavam os olhos em seu trabalho, a ponto de receberem entre outras denominações a de “Pincel de ouro” e do “Mago do pincel”. Pintor reconhecido, teve o privilégio de ser responsável pela restauração da Via Sacra da Igreja Catedral de Nossa Senhora da Guia, excelsa padroeira de Patos.

Zezinho era bastante extrovertido e se destacou também na arte de contar anedotas, principalmente, quando estava entre os amigos de caçadas. Era adepto da sétima arte e tinha até cadeira cativa no Cine Eldorado, localizado na Rua Pedro Firmino. Inclusive, com direito de mandar que nela estivesse sentado se levantar para ele se acomodar.

Como todo caçador que se preza, gostava de exagerar nos causos que contava. A história da tia rezadeira estava sempre na ponta da língua e ele gostava de soltar o verbo: Eu tinha uma tia rezadeira, chamada de Umbelina, afamada em resolver qualquer tipo de problema através da sua reza. E dizia ele que, de tanto a velha rezar, passou a fazer o sinal da cruz por trás da orelha direita, uma vez que o nariz e a testa já se encontravam totalmente descascados, uma ferida só. Dizia o pintor patoense que certa feita chegou um rapaz às carreiras pedindo que ela rezasse para acabar com um grande incêndio que estava tomando conta da sua propriedade. Segundo Zezinho, a velha pulou no meio do terreiro, ajoelhou e se benzeu (por trás da orelha direita), de mãos postas e com os olhos voltados para o céu começou a fazer a sua oração. Em pouco tempo, continuava o narrador, a fumaça começou a se dissipar para o lado da fazenda. Seu Adauto da padaria que escutava a história perguntou: E o fogo apagou mesmo Zezinho? Ora senão, nego! E continuou Zezinho: além do fogo que apagou, a reza da velha quase mata todo mundo de fome… E seu Adauto puxando pelo interlocutor: mas o que foi que aconteceu? Zezinho respondeu que a reza da velha foi tão forte que passou mais de 15 dias sem que nem fósforo pegasse fogo em toda a redondeza.

E tem também aquela história do”quarto de bode” que ele nunca deixava de contar. Adorava Zezinho responder a perguntas indiscretas, já que desta forma encontrava meio de criação para sua arte de fazer sorrir. Nessa direção, certa feita, foi indagado sobre qual pintura chegara a lhe surpreender. Respondeu em cima da bucha: pintei um quarto de bode e no dia seguinte as moscas estavam sobrevoando nas proximidades, atraídas pela imagem da carne.

Com Severina Paes de Oliveira, com quem era casado, teve cinco filhos: José Paes de Oliveira, Marineide Paes de Oliveira, Guadalupe Paes de Oliveira, Regina Paes de Oliveira e Glória Natalícia Paes de Oliveira. Zezinho veio a falecer com 65 anos de idade. tendo, como causa da morte, infarto agudo do miocárdio, fato ocorrido em 4 de maio de 1979. Sua morte deixou uma grande lacuna no setor artístico da cidade de Patos. Seu sepultamento deu-se no dia seguinte, no Cemitério São Miguel, no bairro Belo Horizonte, na “capital do Sertão”.