Reminiscências da passagem da Vila de Patos à condição de cidade

6 de março de 2023 Off Por funes

“Reminiscências da passagem da Vila de Patos à condição de cidade” por José Romildo de Sousa.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 03/03/2023.

Rastreando a documentação existente e se espelhando em depoimentos de pessoas conhecedoras da nossa evolução histórica, conseguimos afinal, montar um relato de como aconteceram as comemorações alusivas à elevação da Vila de Patos à categoria de cidade, fato ocorrido em virtude da Lei nº 200, de 24 de outubro de 1903, que foi sancionada pelo desembargador José Peregrino de Araújo, presidente do Estado da Paraíba, que tiveram como local o largo da Igreja de Nossa Senhor da Guia, também conhecido como Rua da Casa da Câmara.

PadreJoaquim Machado, responsável pela parte religiosa do evento, um sacerdote que dedicou toda a sua vida aos seus paroquianos

Padre
Joaquim
Machado,
responsável
pela parte
religiosa do
evento, um
sacerdote
que dedicou
toda a sua
vida aos seus
paroquianos

Para se ter uma ideia como era a Vila já no seu “apagar das luzes”, fomos buscar o relato de João Rodrigues Coriolano de Medeiros, em palestra que proferiu em 1938, no Cine Eldorado da Sólon de Lucena, dentro ao aniversário da Paróquia de Patos, quando na oportunidade o nosso escritor afirmava: “A vasta quadra em cujo centro ficava a Igreja Matriz apertava-se num começo de rua para o oeste. Poucas travessas, algumas casas humildes disseminadas pelas imediações e o cemitério rústico à margem da estrada de Piancó, quase às portas da Vila”.

Ainda sobre este tema, o Almanaque da Parahyba, data do primeiro ano do século 20 se reportava a Patos da seguinte maneira: A população, presumida da vila é de oitocentos almas; tem 138 prédios urbanos, inclusive três sobrados, o edifício em que funciona o Conselho Municipal e a cadeia pública. Tem diversas ruas e um pátio espaçoso – o da Matriz: uma Igreja Matriz, outra igreja em construção com maiores dimensões e um cemitério.

Quanto os preparativos para osfestejos em homenagem a passagem de Patos, de vila à cidade, estiveram a cargo de Dona Belinha, aesposa do Capitão Manoel Gomes, que junto de Dona Veneranda, genitora de Dom Fernando Gomes e muitas outras senhoras da sociedade local se empenhavam de corpo e alma para que o evento fosse coroado de pleno êxito. Os sequilhos, beira-secas e os bolos de ovos ficaram a cargo de Dona Sinforosa, mãe de João Traira e de Sinhá Messias.

João Norberto e seu irmão Maneco deixaram a banda de música afinada e, até Brilhante, foi avisado de que “naquele dia os seus fogos teriam de subir!…” A parte religiosa esteve a cargo do vigário da paróquia, Padre Joaquim Machado, carinhosamente chamado de “Padim Pade”. Ao seu lado sempre prestativo e atencioso, Chiquinho Sacristão, também conhecido por Francisco Machado Toscano, esposo de Dona Quinoca.

E, como sempre acontecia nas grandes solenidades, as componentes do coral se faziam presentes e desta feita, com alguns hinos novos, ensaiados exclusivamente para uma oportunidade como aquela. Dentre elas, as que mais se destacaram foram as filhas do Alferes Costa Machado (Belinha,Bentinha e Candú) e Elvina Maria Pontes, que foi a genitora da inesquecível vereadora Elvina Caetano.

Após o ato religioso, todos os presentes se deslocaram para frente da igreja, onde existia um bonito patamar, todo em alvenaria e madeira, muito bem trabalhado, pintado e artisticamente decorado, de onde os fiéis assistiram a um grande show pirotécnico.

Na época em que Patos passou a cidade, o município era administrado pelos conselheiros Sizenando Flórido de Sousa e José Arcoverde, respectivamente eleitos presidente e vice-presidente, em 8 de janeiro de 1903. Sendo o Juiz de Direito da Comarca, o Bacharel Pedro de Ulisses Porto e Manoel Gomes dos Santos, Promotor Público. O Padre Joaquim Machado era o pároco da Matriz de Nossa Senhora da Guia.