Patos na Guerra do Paraguai (2)
8 de novembro de 2022Patos na Guerra do Paraguai por Damião Lucena .
Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 23/09/2022.
O material bélico brasileiro foi adquirido na europa e, por conta da dificuldade de pessoal, o império resolveu imputar o sacrifício às províncias que, através do recrutamento, com a maioria dos combatentes formada por negros, escravizados e pobres. Existem divergências quanto ao número de paraibanos que foi ao campo de batalha, mas, segundo Coriolano de Medeiros, no almanaque publicado em 1922, a estatística aponta para 3.219.
Os arquivos do Exército Brasileiro, no entanto, registram 2.657, representando o 14º lugar entre todas as províncias e a 8ª colocação em termos proporcionais com base na população de cada uma. Somente 90 paraibanos conseguiram voltar para casa. A guerra custou ao país 600 mil contos de réis e sacrificou 33 mil vidas. Os que conseguiram voltar, receberiam a quantia de 300 mil réis. Na época, um comandante da polícia tinha salário mensal de 120 mil réis.
Como exposto na coluna da semana passada, Porfírio Hygino da Costa foi integrante do grupo de voluntários da Guerra do Paraguai, inscrito no dia 3 de março, assentando praça em 20 de abril 1865 no 1º Batalhão, em João Pessoa, ondefoi promovido a alferes.
Com o final da guerra, Porfírio da Costa foi promovido a capitão honorário do Exército Brasileiro e homenageado com o oficialato da rosa. Após cinco anos no Paraguai embarcou em Humaytá no vapor Isabel, desembarcando em Santa Catarina no dia 9 de abril de 1870, e, dois dias depois, seguiu para o Rio de Janeiro. A bordo do Ytapicurú rumou à província do Rio Grande do Norte, com chegada em Natal no dia 7 de maio. Recebeu os soldos e a baixa militar na capital da província da Paraíba.
Com 34 anos de idade retornou à Vila Imperial dos Patos, passando a residir no sítio onde nasceu, continuando a sofrer com os ferimentos e moléstias adquiridas durante a guerra até o agravamento do quadro quando os seus familiares resolveram transferi-lo para a Vila do Teixeira, tendo como condução uma rede por caminhos carroçáveis. mesmo com o clima e acolhimento, ele não sobreviveu. Foi enterrado no mesmo cemitério da terra serrana em 3 de maio de 1873, aos 37 anos de idade.
Entre as homenagens recebidas na capital do Sertão, Porfírio da Costa denominou uma das artérias do bairro de Santo Antônio e um grupo escolar no local do seu nascimento, hoje encravado nos domínios territoriais de Santa Terezinha. Seu irmão, Manduri, que guardava em seus arquivos a medalha de ouro com a qual o filho de Patos havia sido condecorado por Dom Pedro 2º, sempre reclamava da falta de consideração do país para com um dos heróis da Guerra do Paraguai, chegando a declarar: “Ele merecia maior consideração da parte do governo e do povo, pela coragem e patriotismo que demonstrou ao defender o Brasil”.
Segundo o historiador brasileiro Boris Fausto, o Paraguai saiu arrasado do conflito, perdendo partes do seu território para o Brasil e a Argentina e seu próprio futuro. O processo de modernização tornou-se coisa do passado, e o país se converteu em um exportador de produtos de pouca importância. Os cálculos mais confiáveis indicam que metade da população paraguaia morreu, caindo de aproximadamente 406 mil habitantes, em 1864, para 231 mil em 1872. A maioria dos sobreviventes era de velhos, mulheres e crianças.