O cinquentenário de uma obra atemporal
3 de abril de 2023O cinquentenário de uma obra atemporal por João Batista Antunes da Nóbrega Filho.
Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 31/03/2023.
O mais importante álbum do Pink Floyd, provavelmente a sua obra máxima e uma das mais importantes já lançadas por uma artista musical sendo um sucesso de vendas e de crítica, foi lançado no começo de março, há 50 anos e foi alçado a um disco de “inspiração acadêmica”, digamos assim: não se sabe ao certo quantas dissertações de mestrado, doutorado e pós-doutorado ele deu origem. O disco vendeu mais de 50 milhões cópias ao redor do mundo, permanecendo por quase 20 anos nas paradas da revista Billboard.
A melhor definição que já li do álbum do Pink Floyd intitulado The Dark Side Of The Moon é a seguinte: Uma elegia à modernidade ou uma contundente crítica ao estresse da vida moderna e à constante sensação de que a vida está mais acelerada e passando mais rápido? Dependendo da época e do ponto de vista de espectadores e de seus criadores, The Dark Side Of The Moon ganha novas cores e diferentes interpretações a cada vez que o ouvinte a escuta.
Para celebrar a importância da obra, os administradores do legado da banda, que acabou oficialmente em 2015 ou 1995, dependendo do ponto de vista de cada fã, na verdade, já que a inatividade vem daquele ano, pretendem relançar o álbum em nova versão expandida, cheia de bônus e uma nova versão gravada pelo gênio e ativista Roger Waters sem a participação dos outros remanescentes da banda inglesa.
Cinco anos atrás os fãs tinham sido agraciados com a belíssima Immersion Version, uma caixa com seis CDs e livro fartamente ilustrado, em embalagem de luxo. O lançamento veio cercado de polêmicas inexistentes, se levarmos em consideração o “teor” da coisa. Pessoas com pensamentos mais conservadores estão protestando contra a “capa” e o logo estilizado lançado em janeiro com as cores do arco-íris. Acham que se trata de um apoio às causas que envolvem identidade de gênero e assuntos LGBTQIA+. Criticam até mesmo as cores que saem do prisma na capa de fundo preto. É a prova perfeita de que o preconceito e a maldade de uma parcela da sociedade não têm limites…
É considerada por muitos fãs uma obra de arte produzida pelo Pink Floyd e o mais marcante e impactante de toda uma geração de fãs que se influenciaram pela de arte, até mesmo mais do que o mega sucesso de vendas The Wall. É inovador desde os primeiros segundos e estabeleceu novos padrões de gravação e criação de sons em estúdio. The Dark Side Of The Moon – Os Bastidores da Obra-Prima do Pink Floyd, livro de John Harris, traça um panorama preciso de como surgiram as primeiras ideias para o trabalho, ainda em 1971, com a curiosidade de que as sessões de gravação e composição era frequentemente interrompida.
O baixista e vocalista Roger Waters escreveu a maior parte das letras do disco e os arranjos musicais ficaram a cargo do talentosíssimo tecladista Richard Wright e os solos mais inspirados da história da banda ficaram a cargo do genial guitarrista David Gilmour Havia, ambição e ousadia, diziam os músicos, mas o conceito do álbum só viria mais tarde, após intensas sessões de composição e gravação muitas vezes infrutíferas.
“Muitas vezes era exasperante enfrentar horas de estúdio e um perfeccionismo de todos, mas chegou um momento em que as coisas fluíram bem”, narra o baterista Nick Mason em seu livro de memórias, Inside Out, já lançado no Brasil. Quase impossível que um ser humano nem que seja inconscientemente não tenha tido algum tipo de contato com uma das obras de arte mais famosas da cultura pop mundial.