Firmino Ayres Leite (1)

18 de novembro de 2024 Off Por Funes Patos

Firmino Ayres Leite (1) Por José Ozildo dos Santos.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 15/11/2024.

 

Médico, político e homem de letras, o dr. Firmino Ayres Leite nasceu a 2 de outubro de 1902, na Fazenda Bela Vista, a poucos quilômetros da atual cidade de Catingueira, à época parte integrante do antigo município de Piancó, estado da Paraíba. Foram seus pais Inocêncio Ferreira Leite e dona Capitulina Ayres Leite. Seu pai, diplomado pela Faculdade de Direito do Recife, foi promotor público da capital, secretário do Tribunal de Justiça e juiz de Direito da comarca de Pombal. E encontrava-se no exercício de suas funções judicantes em Piancó, quando, prematuramente, faleceu, aos 28 de fevereiro de 1904, quando Firmino tinha apenas um ano e quatro meses de vida.

Viúva, dona Capitulina contraiu novo matrimônio, com o coronel Miguel Sátyro e Sousa, rico e influente político do município de Patos, para onde transferiu-se com seus dois filhos: Firmino e Tiburtino Ayres Leite. Desse novo casamento, nasceram dois outros filhos: Avani e Ernani Ayres Sátyro e Sousa. Este último, ilustre advogado, político e homem de letras, que, eleito deputado federal por 10 legislaturas, foi ainda ministro do Superior Tribunal Militar e governador da Paraíba.

Na cidade de Patos, o jovem Firmino Leite aprendeu as primeiras letras. Em Campina Grande, concluiu o curso primário no colégio fundado e regido pelo talentoso professor Clementino Procópio, com quem aprendeu sábias lições. Na capital do estado, fez o curso ginasial no Colégio Diocesano Pio X, ingressando, em seguida, no tradicional Lyceu Paraibano, onde concluiu seus estudos básicos, em 1921. No ano seguinte, após aprovação em vestibular, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia. Ali, fez o primeiro ano do curso médico, transferindo-se em seguida para a Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, onde diplomou-se na turma de 1927.

No Rio, Firmino Ayres Leite foi aluno do renomado psiquiatra Henrique Roxo e do professor Fernando Magalhães, um dos maiores obstetras da antiga capital federal. Concluindo seu estágio, volveu à Paraíba, fixando-se em Patos, onde iniciou suas atividades profissionais. Logo no início do Governo João Pessoa, mais precisamente no dia 9 de março de 1929, foi nomeado prefeito da cidade de Patos, em substituição ao dr. José Peregrino de Araújo Filho, assumindo as referidas funções em fins daquele mesmo mês e ano.

Dinâmico, embora com poucos recursos, o dr. Firmino Leite cuidou da limpeza pública, tendo ainda implantado o primeiro programa de arborização da cidade. Preocupado com a saúde pública, melhorou as condições de trabalho e higiene do antigo açougue público, que foi totalmente remodelado. Possuidor de uma visão futurista, “realizou obras que não desapareceram”.

Foi durante a sua gestão como prefeito de Patos, que a Prefeitura Municipal foi instalada em um prédio adequado. No entanto, “quando as esperanças eram as mais fagueiras em sua administração, surge um caso de família”. O jovem médico-prefeito tinha embelezado totalmente a cidade com vários fícus e havia determinado ao delegado de polícia que prendesse qualquer pessoa que destruísse ou danificasse os canteiros. De forma proposital, seu irmão Tiburtino Leite, após alguns “tragos” num bar da cidade, resolveu descumprir a ordem do prefeito e danificou vários canteiros do Centro da cidade, desafiando as autoridades para prendê-lo.

Homem de palavra e respeito, o dr. Firmino Leite, tomando conhecimento do fato, determinou a imediata prisão de seu irmão, para maior desgosto de sua mãe. Esta, levada pelo sentimento materno, pediu-lhe que perdoasse a conduta reprovável de seu irmão. Assim, após atender ao pedido de sua genitora, imediatamente enviou sua carta de exoneração ao presidente João Pessoa, acompanhada de substancial relatório, descrevendo o ocorrido.