Dom Fernando Gomes, o guerreiro da paz (III)

25 de junho de 2024 Off Por Funes Patos

Dom Fernando Gomes, o guerreiro da paz (III) Por José Ozildo dos Santos.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 21/06/2024.

 

A sagração episcopal de dom Fernando Gomes dos Santos ocorreu na Igreja Matriz da cidade de Patos, a 4 de abril de 1943 — dia de seu natalício — tendo como sagrante dom Moisés Coelho, arcebispo da Paraíba e, consagrantes, dom José de Medeiros Delgado e dom João da Mata do Amaral, bispos das dioceses de Caicó, no Rio Grande do Norte, e Cajazeiras, na Paraíba, respectivamente.

A referida solenidade converteu-se num grande cerimonial. Na tarde daquele dia, a Ação Católica, o Colégio Cristo Rei e o Ginásio Diocesano, associados a várias outras entidades religiosas da cidade, prestaram significativas homenagens ao ilustre prelado, que recebeu um simbólico presente da Paróquia de Nossa Senhora da Guia, da qual foi seu maior benfeitor. Encerrando as solenidades, às 19h, celebrou-se um “Te deum”, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, cujo sermão ficou a cargo de dom Mário de Miranda Vilas Boas, bispo de Garanhuns, considerado um dos maiores oradores sacros daquela época.

Em Patos, dom Fernando fundou e organizou a Juventude Estudantina Católica e, quando foi escolhido bispo de Penedo, acumulava suas funções sacerdotais com o cargo de diretor da Pia União das Filhas de Maria do Educandário. Ao tomar posse naquela diocese, era, pois, o mais jovem prelado do Brasil. Ali, como também aconteceu em Patos, destacou-se por “seu infatigável labor e pela facilidade de atrair amigos e crentes fervorosos com a simpatia”, demonstrando ser um “sacerdote virtuoso e dedicado à causa da Igreja”.

Dinâmico, por onde passou, dom Fernando deixou a marca de suas realizações. Ampliou o clero sergipano, visitou todas as paróquias sob sua jurisdição e promoveu uma ação episcopal, voltada para as questões sociais, enfrentadas por seus diocesanos. Por sua iniciativa, foi criado o Colégio Diocesano de Penedo, oficialmente instalado aos 12 de março de 1944. Nesse ano, publicou sua “Carta pastoral: vocação sacerdotal”, em Salvador, na Bahia, por meio da gráfica Mensageiro da Fé.

A permanência de dom Fernando em Penedo prolongou-se até 1949, quando foi nomeado titular da Diocese de Aracajú, em substituição a dom José Tomás Gomes da Silva, falecido aos 31 de outubro do ano anterior.

Em Aracaju, sua ação episcopal foi por demais significativa. Verdadeiro “símbolo de vontade e de força”, iluminado por Deus, cuidou do rebanho católico alagoano como um bom pai cuida de um filho. Naquela capital, seu nome é lembrado, designando uma escola e uma das principais vias públicas.

Criada a Arquidiocese de Goiânia, dom Fernando foi nomeado seu primeiro arcebispo, por bula assinada pelo santo papa Pio XII, empossando-se em suas novas funções no dia 16 de junho de 1957, logo após a instalação daquele núcleo arquidiocesano, em solenidade presidida por dom Armando Lombardi, Núncio Apostólico no Brasil, e que contou com a presença de vários prelados, de todo o presbitério goiano e de representações de todas as paróquias daquela arquidiocese.

Consigo, levou alguns sacerdotes, que tornaram-se seus auxiliares. Depois, com seu espírito de liderança, passou a despertar a união do clero goiano, realizando, mensalmente, reuniões com seus presbíteros. Possuidor de uma visão ampla, cedo, dom Fernando viu que “a arquidiocese tinha leigos em muitas associações religiosas e movimentos cristão”. Assim, na esperança de obter bons frutos, “deu-lhes apoio, procurando unir e coordenar o laicato na vida da comunidade eclesial” e “dinamizou a Ação Católica, como fonte promotora da presença da Igreja, dando incentivo à JUC (universitária), à JEC (estudantil), JAC (agrária), JIC (dos meios independentes da classe média) e JOC, que hoje é a Pastoral Operária, nos meios dos trabalhadores”.

Iniciados os trabalhos de construção de Brasília, com sua visão ampla, dom Fernando cedo verificou que tratava-se de uma realidade. E, percebendo o extraordinário potencial do Centro-Oeste brasileiro, ainda no mês de julho de 1957, criou duas paróquias na futura capital federal: a de São João Bosco, no Núcleo Bandeirante, onde residiam os operários, e a de Santa Cruz, nos canteiros de obras do Plano Piloto.

Dom Fernando Gomes, em sua primeira visita a Brasília, capital recém construída