Dom Fernando Gomes: o guerreiro da paz (II)
25 de junho de 2024Dom Fernando Gomes: o guerreiro da paz (II) Por José Ozildo dos Santos.
Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 14/06/2024.
Em Patos, o padre Fernando esteve presente em todos os setores da atividade humana. Dele é a letra do “Hino de Louvor a Nossa Senhora da Guia”, entoado com fervor, durante as festas de setembro, pelo povo patoense.
Sacerdote virtuoso, adquiriu e remodelou um imóvel, no centro da cidade, que passou a servir como casa paroquial. Para ele, “o braço direito, dado por Deus à mente e ao coração do pároco”, era a Ação Católica. Assim, organizou-a e, num amplo prédio, adquirido por compra, instalando-a em solenidade – que contou com a participação de dom João da Mata Amaral – realizada a 17 de dezembro de 1939, data que transformou-se num “acontecimento de maior projeção na história católica da Paróquia de N. Sra. da Guia”.
Ainda em fins de 1939, iniciou em sua paróquia uma campanha visando despertar a classe trabalhadora para a criação do Círculo Operário de Patos. Sua iniciativa foi bem recebida pela categoria e tornou-se realidade a 25 de fevereiro de 1940, quando “reunindo no salão da Ação Católica um elevado número de operários e perante uma grande assistência”, declarou instalado, provisoriamente, o referido círculo.
Em Patos, o padre Fernando desenvolveu uma intensa atividade social. Fundou a Casa dos Pobres – instalada num amplo galpão – destinada a abrigar e alimentar os flagelados, que convergiram para a capital das Espinharas, durante a seca de 1941-1942. Mais tarde, auxiliado pela Conferência Vicentina, associações paroquiais e Religiosas Filhas do Amor Divino, realizou uma ampla reforma naquela casa, transformando-a no Dispensário dos Pobres, dotado de aposentos arejados, cozinha, enfermaria e um modesto mobiliário, destinando-o a abrigar os pedintes que havia na cidade.
Homem humilde, o padre Fernando Gomes era sempre encontrado naquele dispensário, no meio dos pobres, confortando-os com sua presença como ministro e servo de Deus. Por essas atitudes, tornou-se popular e querido.
Sempre preocupado com a educação, instalou na cidade de Patos dois novos educandários: o Colégio Cristo Rei e o Ginásio Diocesano, garantindo o desenvolvimento cultural da juventude patoense e de municípios circunvizinhos, prestando “com o brilho de sua inteligência uma colaboração sincera, leal e eficiente, sem olhar interesses subalternos”.
Seu nome está diretamente ligado à história do Colégio Cristo Rei, que iniciou suas atividades no dia 4 de março de 1938. Nesse estabelecimento de ensino, desde sua fundação até finais de 1942, o padre Fernando lecionou as disciplinas de Língua Portuguesa e Religião. E, quando da construção do prédio daquele educandário, tomou para si a responsabilidade dos referidos trabalhos, “aos quais assistiu em todas as suas fases, até o aparecimento dos primeiros frutos colhidos em dezembro de 1942, com a primeira turma de professoras, que num gesto unânime de simpatia e gratidão o aclamou paraninfo da cerimônia de colação de grau”.
O padre Fernando Gomes dos Santos tanto fez que conquistou a estima total de seus paroquianos. Sua magnífica ação pastoral contribuiu para sua distinção com o canonicato, ocorrida no dia 18 de junho de 1941. No ano seguinte, aos 18 de janeiro, foi agraciado com o título de monsenhor e, por fim, em 12 de janeiro de 1943 – aos 33 anos de idade incompletos – ascendeu ao episcopado, sendo nomeado bispo titular da Diocese de Penedo (AL), em substituição a dom Jonas de Araújo Batinga, que falecera no exercício de sua ação episcopal.
Sua elevação ao episcopado representou um prêmio às suas excelsas virtudes. Na época, Teotônio Rodrigues assim definiu a passagem de dom Fernando pela Paróquia de Nossa Senhora da Guia: “Suas ideias, sua maneira de viver, sua superioridade moral, sua capacidade de organização e de trabalho, sua simpatia pelos pobres, sua profunda compreensão do dever sacerdotal, sua sociabilidade cativante, tudo isto concorreu para o grande êxito de sua missão entre nós”.