Ponto da história
27 de maio de 2024Ponto da história Por José Romildo de Sousa.
Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 24/05/2024.
O Cine Eldorado e a troca de gibis
Na semana que passou recebemos a visita de Francisco de Assis Ferreira da Silva, vulgo o Espanhol, lá no Ponto da História, um dos maiores colecionadores de todo o Nordeste brasileiro de revistas em quadrinhos, antigamente denominados de gibis, que foram motivos de muitas negociações entre as gerações das décadas de 1950, 1960 e 1970, realizadas em frente ao Cine Eldorado da Rua Pedro Firmino, antes de começar as matinês das tardes de domingo. Estivemos depois em sua residência e constatamos o maravilhoso acervo que ele possui sobre as revistinhas que dominaram a nossa leitura por longos anos.
Começamos a recordar do tempo em que a turma chegava cedo em frente ao cinema de Seu Agripino e Joaquim Araújo, já com as braçadas de gibis para realizarem as suas vendas e trocas. Era o tempo dos filmes de faroeste e das revistas e almanaques de Tarzan, Zorro, Fantasma, Rex, Rock Lane, Roy Rogers e muitos outros. Durante a atividade, o calor da cidade de Patos maltratava os jovens comerciantes e de vez em quando era preciso ir até a Sorvelanche pegar um picolé para matar a sede. Tempo bom, não volta mais.
Após a terceira chamada da sirene do cinema, o corre-corre era geral para se entrar no Eldorado e pegar uma cadeira num ponto estratégico, a fim de melhor visualizar a película a ser exibida. Tinha um filme do tipo de A Última Diligência, um dos melhores faroestes de todos os tempos, que o espaço do Eldorado ficava pequeno para a molecada que fazia enorme algazarra, principalmente quando o artista começava a aplicar corretivos nos bandidos. Outra atividade que acontecia nas matinês era a batalha de roletes de cana, que tinha hora que Seu Agripino tinha de interferir, chegando ao ponto de proibir que se entrasse conduzindo a saborosa guloseima.
O Cine Eldorado, da Rua Pedro Firmino, foi inaugurado com muita festa no dia 9 de fevereiro de 1946, com suas dependências totalmente lotadas para assistirem o filme A Sultana da Morte, protagonizado pela atriz Doroty Lamor.
O Açude do Jatobá
Por muito tempo a cidade de Patos no que diz respeito ao “líquido precioso” foi abastecida pelas cacimbas existentes no leito do Rio Cruz e Farinha, que deram origem ao Espinharas, onde a água era transportada nas ancoretas dos burros e carroças puxadas a boi para as residências patoenses. Na zona rural, pequenos açudes, lagos e lagoas tinham esta serventia.
Somente em 1952, começou a ser construído o Açude do Jatobá entre os bairros do Mutirão e o que leva o seu nome. Fica localizado ainda às margens da PB-110, saída para Teixeira, próximo ao campus da UFCG, onde outros bairros começaram a surgir à sua margem, a exemplo do Alto da Tubiba e Nova Conquista.
Localizado na parte sul da cidade de Patos, o açude foi construído pelo Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), e pertence à sub-bacia do Rio Espinharas, com uma capacidade máxima de 17.516.000m³. O açude tem suas nascentes no encontro do Rio da Cruz com o Rio Tubarão e percorre extenso caminho dentro da Sub-bacia das Espinharas. São ainda seus afluentes: Riacho dos Mares, Riacho do Barro Verde e Riacho dos Anteros.
Em 1953, no aniversário do cinquentenário da elevação da vila de Patos à categoria de cidade o governador em exercício José Fernandes de Lima, uma vez que o governador eleito, José Américo de Almeida, assumiria a pasta do Ministério de Viação e Obras Públicas no governo do presidente Getúlio Vargas, em companhia do prefeito Darcílio Wanderley e outras autoridades visitaram as obras da construção do Açude Jatobá.
O Jatobá sangrou pela primeira vez no dia 25 de março de 1960. Ainda nesta década sangrou nos anos 1964, 1965, 1968 e nos anos 1970: 1971, 1972, 1974, 1975, 1977; nos anos 1980: sangrou em 1981, 1985 e 1989. No final de 2015 o açude se encontrava com apenas 4,5% de sua capacidade e em 2019 foi sua pior situação em volume d’água.
A última vez que o Jatobá sangrou foi 23 de abril de 2020, depois de um período de 11 anos sem transbordamento (2009). Durante a sua sangria, o Jatobá se torna a praia dos patoenses, uma multidão pra lá se dirigia para tomar banho, beber e exercer suas aptidões aquáticas.