20 de novembro e o cativeiro social
28 de novembro de 202220 de novembro e o cativeiro social por Nádia Farias dos Santos.
Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 25/11/2022.
Todos os anos, no dia 20 de novembro, eu me deparo com uma enxurrada de postagens sobre “Consciência Negra”, o que particularmente acho muito positivo, se levarmos em conta as condições da população negra após os 134 anos de abolição. Fora a proibição do cativeiro, ela nos relegou à própria sorte e a uma sociedade que ainda não se desprendeu das ideologias racistas e reinventa as formas de opressão e de nos manter no cativeiro social.
Todos os anos, no dia 20 de novembro, eu me deparo com uma enxurrada de postagens sobre “Consciência Negra”, o que particularmente acho muito positivo, se levarmos em conta as condições da população negra após os 134 anos de abolição. Fora a proibição do cativeiro, ela nos relegou à própria sorte e a uma sociedade que ainda não se desprendeu das ideologias racistas e reinventa as formas de opressão e de nos manter no cativeiro social.
Temos muito a refletir nesse dia da consciência negra e em todos os outros, principalmente, numa sociedade racista como a nossa e que insiste em desconsiderar as contribuições africanas e afro-brasileiras na sua história e cultura, que branqueia, apaga ou silencia nossa intelectualidade, nossa produção de saberes e se esconde sobre o jargão “somos todos iguais”, de que igualdade falam? Para quem?
Somos todos iguais? Sério? Para crer nessa frase seria necessário ver isso amplamente refletido na sociedade e em suas diversas instâncias, no âmbito público e privado e na realidade da vida de cada pessoa negra desta nação. E as Marieles, Claúdias, Amarildos… E as vítimas de balas perdidas/achadas… E os milhões de desempregados, no subemprego ou nas atividades informais que ralam para sobreviver nesse país que nos nega oportunidades. “Somos todos iguais” é uma saída rápida e fácil para aqueles que não querem pensar ou se aprofundar no debate sobre as desigualdades que nos assolam em todas as áreas. Somos todos iguais? Pergunta aos jovens negros em busca de emprego ou aos que são barrados ao entrar em determinados locais pela cor de sua pele. Pergunta para os que são constrangidos com acusações e olhares de suspeição de marginalidade ou mesmo agredidos verbal e fisicamente, por serem considerados inadequados para estarem em determinados locais. Todo negro que tem consciência racial sabe que a sociedade não nos trata como iguais. Basta parar e ouvir suas histórias, somos iguais no discurso, mas na prática é coisa. E histórias dessa “igualdade” temos muitas para contar.
O dia 20 de novembro foi instituído no calendário escolar como Dia Nacional da Consciência Negra pela Lei 10.639 em 9 de janeiro de 2003 e no calendário civil pela Lei nº 12.519, em 10 de novembro de 2011, respectivamente nos governos Lula e Dilma Rousseff. É um dia para intensificarmos a luta por igualdade e equidade de direitos, acessos e oportunidades para o povo preto. Afinal, precisamos respirar! Precisamos respirar porque todo dia é dia de luta!