Dom Fernando Gomes: o guerreiro da paz (I)

10 de junho de 2024 Off Por Funes Patos

Dom Fernando Gomes: o guerreiro da paz (I) Por Carlos Ferreira da Silva.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 07/06/2024.

 

Figura da maior expressão e destaque no clero brasileiro, Dom Fernando Gomes dos Santos foi uma liderança incontestável e incontestada. De tradicional família católica, nasceu numa segunda-feira, dia 4 de abril de 1910 na cidade de Patos. Foram seus pais Francisco Gomes dos Santos e Veneranda Gomes Lustosa. Aos 10 dias daquele mês, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, recebeu o sacramento do batismo, oficiado pelo cônego Joaquim Alves Machado, vigário local, de cujas mãos, no mesmo local, aos 24 de maio de 1917, recebeu a sua primeira comunhão.

Em Patos, com seu próprio genitor, aprendeu as primeiras letras, matriculando-se em seguida na escola do professor Alfredo Lustosa Cabral. Aos oito anos de idade, passou a auxiliar o padre José Neves de Sá em suas celebrações. E,
vocacionado para o sacerdócio, ingressou no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, no dia 9 de fevereiro de 1921. Ali, concluiu o primário e perfez os cursos de Humanidades e de Filosofia, iniciando o curso teológico, que foi concluído no Colégio Pio-Americano, em Roma, licenciando-se em Dogmática, pela Universidade Gregoriana.

Na “cidade eterna”, teve como colega de estudos o jovem Walfredo Dantas Gurgel, futuro monsenhor e governador do vizinho estado do Rio Grande do Norte. Sua ordenação sacerdotal ocorreu numa terça-feira, dia 1º de novembro de
1932, em solenidade realizada na Capela do Pontifício Colégio Pio-Americano, recebendo a ordem sagrada do presbiterato das mãos do cardeal Marchetti Selvaggiani. No dia seguinte, celebrou sua primeira missa no túmulo dos apóstolos Pedro e Paulo.

Volvendo ao Brasil, o padre Fernando Gomes, que tornou-se “soldado de uma causa pela vida toda” […], “dispôs a levar
para a imensa arena os grandes recursos que lhe dava sua vocação e uma educação que sempre se completaram numa interação perfeita”.

Integrando-se ao Clero paraibano, foi nomeado diretor do Colégio Diocesano Padre Rolim, em Cajazeiras, a cuja diocese pertencia. À frente daquele educandário, desenvolveu uma gestão administrativa digna de registro. Graças aos seus esforços e contínua dedicação, conseguiu equipará-lo ao Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro.

Durante os quatro anos em que permaneceu em Cajazeiras, o padre Fernando Gomes não se limitou apenas ao magistério: dirigiu o semanário O Rio do Peixe (editado pela Diocese), organizou a paróquia local (da qual foi vigário durante o ano de 1936) e difundiu o ensino do catecismo.

Sacerdote virtuoso, aos 17 de dezembro de 1936, foi nomeado vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Guia, sediada em sua terra natal, empossando-se em suas novas funções no dia 1º do mês seguinte, em substituição ao talentoso padre Manoel Otaviano de Moura Lima. Para ele, a referida nomeação representou a realização de um sonho e sua consagração como servo de Deus.

Seu vicariato – que durou seis anos – não foi fácil. Enfrentou as mais diversas dificuldades. Nesse período, o Sertão paraibano foi assolado por uma longa estiagem e os transtornos sociais resultantes, foram agravados pelos reflexos da Segunda Grande Guerra. Mas, graças aos seus esforços contínuos, conseguiu realizar uma ação pastoral das mais produtivas para a cidade de Patos, tendo dedicado-se “ao paroquiato de sua terra natal com o vigor da juventude e o ardo de quem se sente plenamente realizado”.

Desde o início de seu vicariato, o padre Fernando Gomes entendeu que sua paróquia necessitava de uma igreja matriz mais ampla, que pudesse acomodar melhor seus fiéis e que estivesse à altura do progresso da cidade de Patos. Assim, ouviu seus paroquianos e com o total apoio da comunidade católica, iniciou os trabalhos de reconstrução da velha matriz, nos moldes rigorosos da moderna arquitetura sacra, cuja solenidade de benção da primeira pedra, ocorreu no domingo, dia 2 de junho de 1940 e contou com a participação de João da Mata do Amaral, bispo de Cajazeiras, além de várias outras autoridades civis e religiosas.

Os referidos trabalhos somente cessaram quando a obra estava completamente concluída. Assim, num curto período de dois anos, o jovem sacerdote entregou à cidade de Patos sua nova igreja matriz, fato que demonstrou a força de sua operosidade. A referida igreja – cujo projeto foi elaborado pelo arquiteto pernambucano Carlos Fest – por sua majestosidade, passou a ser um dos mais belos monumentos da cidade e foi inaugurada durante a festa de setembro de 1942. Nela, sobreleva-se um magnífico campanário, coroado de originalidade e beleza.

Dom Fernando Gomes foi nomeado vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Guia em 1936